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Chuvas, ferrugem asiática e a nutrição vegetal: uma relação mais profunda do que você imagina!

Este ano, devido as condições climáticas, algumas regiões como o Paraná, Mato Grosso do Sul e parte do Mato Grosso anteciparam o início do plantio de soja, intensificando os trabalhos logo após o término do vazio sanitário. O que a princípio parecia ser ótimo, acabou se tornando também um problema. As chuvas continuaram intensas e a ferrugem asiática apareceu 15 dias antes do ‘previsto’.

O primeiro caso já foi confirmado em Cafelândia (PR) e já causa preocupação, visto que a umidade continua intensa.

A junção de chuvas e ferrugem asiática já é conhecida, mas onde entra a nutrição aí?

É importante destacar o quão importante é a nutrição para a planta ‘resistir’ à ferrugem. Lembra das histórias que ouvíamos das grandes navegações? Onde grande parte da tripulação morria de “mal de Angola” (quando chegavam na costa africana, os tripulantes começavam a apresentar hemorragias na boca, dores nas articulações e ferimentos que não cicatrizavam), os navegadores acreditavam que era uma doença que se ‘pegava’ na costa africana, mas na verdade era escorbuto. Uma deficiência grave de vitamina C, já que ficavam meses no mar sem frutas ou vegetais frescos.

É mais ou menos assim que precisamos ver a ferrugem asiática! Ela pode ser evitada ou amenizada se as plantas estiverem com sua ‘imunidade’/nutrição em dia! Vamos pensar um pouco sobre isso?

Chuvas e a lixiviação de nutrientes

As chuvas, que costumam anteceder o aparecimento da ferrugem asiática na soja, agem de forma importante na questão nutricional. Essa chuva quando em grandes volumes acumulados em um curto período podem lixiviar tanto a calagem quanto a adubação realizada na lavoura. Normalmente as perdas ocorrem principalmente nos nutrientes absorvidos na forma aniônica (Nitrogênio, Boro, Enxofre).

A lixiviação de nutrientes fundamentais absorvidos na forma catiônica como cálcio, magnésio e potássio, também podem se tornar uma preocupação dependendo do volume de chuvas e da fertilidade construída do solo.

Não podemos esquecer que muitas áreas sob o sistema de plantio direto, já apresentam limitação nos teores de Cálcio (Ca) além de apresentar concentração de cálcio apenas na camada mais superficial, que são mais facilmente lixiviadas, provocando deficiência de cálcio.

A junção destas deficiências principalmente de Cálcio (Ca) e Boro (B)(Veja o vídeo da explicação do Dr. José Carlos Vieira de Almeida clicando aqui) tornam as plantas mais suscetíveis a doenças, principalmente a ferrugem, já que estes elementos estão diretamente relacionados à construção da parede celular.

É como se o “mal de Angola” para os navegadores fossem o “excesso de umidade” hoje em dia. Não é ela que provoca de fato a ferrugem. O que propicia a proliferação da ferrugem é a deficiência das plantas em resistir ao fungo.