A safra 2020/2021 foi desafiadora para a cafeicultura na região do Cerrado Mineiro. As poucas chuvas que ocorreram no período dificultaram o desenvolvimento das plantas, necessitando de estratégias assertivas que buscassem bons resultados, mesmo em condições de estresse hídrico.
Exemplo disso é o caso da Fazenda Santa Maria, localizada em Monte Carmelo-MG. Nesta Fazenda, o trabalho tem como base para qualquer tomada de decisão o diagnóstico agronômico. Procura-se sempre aliar sustentabilidade e rentabilidade, com maior assertividade nas eventuais aplicações de insumos e tendo a produtividade como consequência de um bom manejo químico, físico e biológico do solo. Dentro desta proposta, objetiva-se pensar o papel agronômico, não apenas indicar produtos ou manejos comumente utilizados que podem servir para uma realidade, mas não para todas.
Como o diagnóstico agronômico contribui na prática com a minha lavoura?
“Você pode trabalhar eventuais correções ou desequilíbrios nutricionais da cultura via aplicação foliar, adubação de cobertura ou no gotejamento [Fazenda Santa Maria é irrigada], com a decisão variando de acordo com o diagnóstico. Por exemplo, se uma análise mostra que estou com deficiência de nitrogênio, mas equilíbrio de potássio, eu não preciso trabalhar com o formulado 20.05.20, que é comumente usado. Tal aplicação pode ocasionar uma situação na qual o potássio passará do equilíbrio para o excesso”, explica Cléber Maciel Tutida, diretor da Shojiki Coaching em Agricultura e Pecuária, empresa responsável pelo trabalho agronômico na propriedade. Ele acrescenta que com diagnóstico é possível trabalhar a adubação nitrogenada de uma maneira mais eficiente, diminuindo até o impacto ambiental que tal aplicação, quando mal executada, pode ocasionar.
Mesmo com a falta de chuvas, a safra deste ano prosseguiu e tem boas perspectivas para a colheita, prevista para iniciar no mês de junho. A cultivar utilizada no plantio foi a IPR100, desenvolvida no Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), que tem grau de maturação tardia para região, possibilitando um bom escalonamento na colheita. Outro dado interessante é que o equilíbrio nutricional tem melhorado a qualidade do café produzido na propriedade. Isso permitiu aos produtores comercializarem ele no segmento premium, melhorando a rentabilidade.
Quanto aos custos de produção, por ter maior precisão em como, o que, quando e quanto aplicar, o esperado é que os gastos sejam menores do que em locais em que aplicações são feitas com menos critérios. “Sem diagnóstico você eleva gastos, oferece o risco de desequilíbrio nutricional das plantas, além de poluir o meio ambiente com a emissão de gases que aumentam o efeito estufa”, afirma Tutida.