Você usa diariamente a internet, você não vê, mas sabe que ela está lá, principalmente quando ela te deixa na mão, não é? Aquele sinal que fica fraco, a informação que demora a chegar, a mensagem que não é enviada ou a conexão que some em alguns pontos.

Tudo isso é sinal de que algo na estrutura da rede precisa melhorar.

E se te falarmos que a queda da sua produção, o aumento da compactação do solo, as plantas daninhas cada vez mais resistentes, o número cada vez maior de nematoides e os custos cada vez mais elevados para garantir a produção também são sinais de problemas com uma certa ‘internet’?

Só que essa é a Internet da Natureza, a chamada internet das plantas (tradução livre do inglês Wood WideWeb, numa analogia com a World Wide Web).

Pesquisadores têm trabalhando intensamente nos últimos anos para compreender como se dá a interação entre as plantas. Eles descobriram uma “Internet” natural, estruturada por fungos que conecta todas as plantas (sejam da mesma ou de diferentes espécies).

Você está se perguntando como assim?

Mais de 90% das plantas possuem fungos associados às suas raízes, essa relação micorrízica, é benéfica para ambos: os fungos disponibilizam nutrientes e água à planta e ela, em troca, fornece carboidrato aos fungos.

Então, quando vemos um cogumelo no solo na verdade não estamos vendo todo o corpo do fungo, pois há uma grande parte que fica associada às raízes, formando uma rede entre diferentes plantas.

Essa rede é formada pelo micélio fúngico, um conjunto de filamentos microscópicos (as hifas – tipo específico de célula que forma o corpo do fungo), que às vezes conseguimos ver como se fosse um chumaço de algodão, o popular mofo.

É através das hifas que os fungos presentes nas raízes se conectam, conectando também as plantas, assim elas passam a compartilhar nutrientes, agentes químicos e informações. Pesquisas demonstraram que através dessa conexão plantas maiores seriam capazes de dar suporte energético a outras plantas menores para se desenvolverem. Da mesma forma que, para proteger as menores plantas, podem, via hifas dos fungos, liberar químicos tóxicos no solo que combateriam plantas competidoras ou até mesmo ataques de vermes nematoides.

Outro experimento demonstrou que plantas contaminadas por fungos parasitas ou atacadas por insetos enviaram um tipo de sinal químico, via micorrizas, para outras plantas sadias. Quando estas plantas sadias foram expostas ao fungo parasita ou aos insetos, elas apresentaram resistência maior que as primeiras. Em conclusão, para a planta, estar conectada à rede natural significa acesso a uma informação privilegiada que lhe garante um sistema de defesa e consequentemente a sobrevivência ao ataque de fungos e insetos agressivos.

Ainda não entendeu a correlação com a sua produção?

A primeira degradação que o ambiente “solo” sofre é a degradação biológica, ela é também a mais difícil de compreender, estudar e mensurar e só recentemente tem sido alvo de discussões. Quando o solo já está biologicamente degradado se torna mais evidente a degradação química e por fim a física.

Quando se notam os sinais de degradação física como compactação ou erosão, o sistema produtivo já está a beira de um colapso.

É importante compreender que tudo está interconectado, que os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta procuram atender a essa demanda de conexão biológica, essa internet natural. A recuperação química e física do solo, em ambientes degradados, só será efetiva quando conseguirmos recuperar ao menos parte da biologia do solo.

É bom saber que as pesquisas nas áreas da agronomia e da biologia estão avançando e identificando como essa relação é importante e necessária para um manejo sustentável. Estamos atentos, fique você também!

Dê a devida atenção ao solo e as plantas! Conte com nosso trabalho de coach para a reestruturação da fertilidade física, química e biológica do solo. O primeiro passo será sempre um diagnóstico da saúde do solo!

O vídeo abaixo foi desenvolvido pela BBC de Londres, ainda não há versão em português, mas as imagens deixam claro como essa ‘internet’ funciona.