Essa é uma das perguntas mais comuns que ouvimos, e ela é fundamental para o resultado da safra.

De que adianta você ter preparado com toda atenção e rigor o solo, ter cuidado por todos os mais de 100 dias com toda atenção e tecnologia disponível e colocar seu lucro a perder justamente na colheita!

É claro que este é um momento de muita ansiedade, ainda mais quando temos atividades climáticas inesperadas no final da safra, em especial muita umidade e calor.

É justamente para garantir a máxima lucratividade que preparamos este artigo para você.

Primeiro: controle a ansiedade e siga a recomendação do Engenheiro Agrônomo

Encontrar (e ter) a janela ideal para colher a safra de verão e plantar a safrinha a fim de minimizar efeitos de possíveis geadas faz muitos produtores optarem pela dessecação da soja pré-colheita. Essa prática como vamos ver a seguir é fundamental em muitos casos, mas é preciso fazê-la no momento certo.

Os principais benefícios de se proceder a dessecação pré-colheita são:

• Uniformidade da maturação dos grãos
• Antecipação da colheita
• Controle de infestação de plantas daninhas
• Antecipação do plantio da safrinha
• Diminuição do nível de impurezas no momento da colheita (folhas e pecíolos)
• Ajuda a reduzir a inoculação de doenças da soja
• Reduz o risco de ataque e permanência de pragas no campo
• Melhora do rendimento operacional da colhedora (reduz o embuche) diminuindo a perda de grãos

E qual é o momento certo para a dessecação da soja?

O ideal é aguardar o R8 e verificar a real necessidade de dessecação. Se o clima foi seco nos últimos estádios é possível que a dessecação seja necessária apenas se ocorrer a síndrome da haste verde, ou seja, as vagens já estão em sua maioria marrons (maturidade), mas a planta ainda apresenta muitas folhas e haste esverdeada.

Mas se as condições climáticas estiverem desfavoráveis, isso é, muita chuva entre R6 e R7, a partir de R7.2 já é possível iniciar o processo de dessecação. Esteja sempre atento à coloração das vagens e da haste!

Por que esperar até R8 para decidir pela dessecação ou não?

Basicamente para reduzir custos e garantir maior qualidade dos grãos, antecipar a dessecação de plantas com grande potencial produtivo (muitas vagens) aumenta muito o risco de perdas no processo de dessecação, além de afetar o peso e qualidade dos grãos.

Por que não posso antecipar a dessecação para o R6 e assim já iniciar o plantio da safrinha?

Porque em R6 as sementes ainda não estão fisiologicamente prontas! A dessecação em R6 reduz o teor de extrato etéreo na soja (essencial para alimentação animal) e ocasiona perdas significativas da produção que variam de 25 a 27%.

Há previsão de chuvas, posso iniciar a dessecação mesmo assim?

Isso vai depender muito do herbicida que será utilizado, mas o ideal é esperar. Se aplicar e chover na sequência, pode ser que não haja grande impacto na antecipação da colheita, e quando a chuva cessar, a área dessecada perderá umidade mais facilmente. Além disso em áreas dessecadas a deterioração dos grãos é maior quando ocorrem chuvas no período entre a aplicação do herbicida até o momento da colheita.

Por isso é preciso avaliar com calma todo o quadro com o auxílio de um Engenheiro Agrônomo.

Quer ver a importância do tempo ideal para a colheita da soja?

A Rehago Pesquisa conduziu um experimento para avaliar a relação entre potencial produtivo e dessecação. Eles utilizaram o herbicida Paraquat.

A dessecação foi realizada em três estádios fenológicos, R5.5 que representa uma granação de 76 a 100%, R6 que é 100% da granação com sementes verdes preenchendo toda a cavidade da vagem e no estádio R7.2 que representa a maturidade fisiológica, onde há de 50 a 70% de folhas e vagens amarelas. Foi conduzido também um tratamento sem dessecação.

Na figura abaixo é possível observar efeito significativo referente ao peso de mil grãos. A dessecação em R7.2 apresentou maior peso em gramas do que as dessecações realizadas em R5.5 e R6, no entanto, não houve diferença com o tratamento controle sem dessecação.

Como visualizado no peso de mil grãos, houve diferença significativa também em produtividade. Na figura abaixo é possível observar a importância de se realizar a dessecação no estágio fenológico correto. As aplicações realizadas em R5.5 e R6 tiveram perda de produtividade de 59,9 e 24,9%, respectivamente, quando comparados com a testemunha sem dessecação. Não houve diferença estatística entre a aplicação realizada no estádio R7.2 e o tratamento sem dessecação.

Desta forma, é possível notar a importância de realizar um manejo correto, realizando as atividades no momento ideal. Com esses resultados é possível pensar nas estratégias de manejo mais adequada para cada região, sendo mais uma ferramenta para a tomada de decisão.

Sempre converse com seu Agrônomo e considere o quadro climático, cultivar e herbicida a ser utilizado.